04 fevereiro 2009

O passado é melindroso e perturba-me…


As palpitações não paravam de gemer, os gritos cravavam-se nos meus ouvidos, a escuridão apoderava-se do meu imaginário.
Percorro o som…o som de um passado relembrado.
Recordei aquela vez…o tal dia.
Nunca pensei voltar a encontrar-te, e sinceramente nunca quis.
Transmitias-me uma certa mágoa e sofrimento.
Foi numa tarde pouco solarenga, conseguia sentir a tua presença projectar-me para o horizonte.
Decidiste aparecer com aquela imensidão desgastante e febril que me trespassa.
Intensificaste as lacunas das minhas cicatrizes, os cortes profundos e desamparados, que um dia tu próprio fizeste questão de marcar.
Sabes, queria dizer-te que está tudo bem, que já não me agonias e que um dia até podíamos ir tomar um café ou coisa assim, mas os olhos ardem-me e falta-me o ar.
“ Há tanto tempo que não nos víamos…”
Enrolaste-te nas tuas próprias palavras e olhas-te para o vazio das folhas. Seria demais pedir que me olhasses nos olhos?
“ Nunca mais dizes-te nada…eu também não te quis chatear.”
Caiem-me assim estas palavras, desculpas de conveniência e auxílios de memória.
Apertei as mãos com força e inspirei com dificuldade.
“Sentis-te a minha falta?”
Não. Não queria responder a isso.
O meu olhar fugiu. Comecei a sentir o peso da angústia e da raiva.
Por mais que quisesse fingir e esconder, afectava-me, e mais do que eu própria podia imaginar.
“Já não importa, pois não.”
Lá estava eu a responder por mim e por ti.
Tentavas vaguear no vazio dos sentimentos e desviavas o olhar, deviavas as palavras e os gestos.
“Apenas gostaria de saber…”
Insistis-te.
“ Algumas.”
Algumas (?)
Algumas era pouco…todos os dias perdia um pouco da minha esperança, todos os dias deixava fugir um pedaço de vida…todos os dias me lembrava das tuas palavras…todos os dias…
Eu não te pedi que voltasses, mas também não te pedi que fosses.
Não gostava de te encontrar pelo meu caminho, sentia sempre que estava a recuar no passado, isso dava cabo de mim.
“Eu vou indo…vemo-nos por ai. Por favor, vai dando noticias.”
Assenti com a cabeça e fiquei ali a ver-te partir.
Que melancolia débil…ás vezes gostaria de me soltar de ti, corpo maldito!
Gostava de sair daqui, sair deste pensamento, sair desta alma, sair deste inferno!
Ás vezes gostava de não ter conhecido certas pessoas…ás vezes gostava que a vida fosse como um caderno. Se assim fosse, tu eras uma folha…e sabes que mais? Já te teria amarrotado, riscado, rasgado e jogado fora á muito tempo.

6 comentários:

LA disse...

Ainda bem, as festas assim é que dão piada XD
Ainda bem que gostaste da descrição da Double L, mas olha que ela está um bocadinho diferente... =x
Acabei agora de ler o teu comentário... xD sou tão cabeça no ar. Mas pronto, já postei mais um bocadinho tb.

Em relação ao teu post... às vezes conhecemos quem não queremos, às vezes queremos que desapareçam, afastamos as pessoas e no fim reparamos que afastámos a pessoa errada. A folha podias rasgar, pintar, whatever... há mais folhas aqui e ali, mas as pessoas tal como percebi dizeres no post n são assim... marcam, incomodam, magoam... mas até essas são essenciais para nos equilibrar.

U disse...

É amor? É pois. Eu sei que é. E sei como faz falta. E tanto nos dói que faz com que o odiemos. Daí o «Eu não te pedi que voltasses, mas também não te pedi que fosses».
Senti cada palavra, senti mesmo.
*

Inga disse...

Que textão *-*

Pálinhe disse...

A realidade influenciou a tua escrita?

LA disse...

E eu vou aproveitar sim, a vida é demasiado bela para ser desperdiçada com gente dispensável. Precisamente por essa razão que falo no "tu". Aquele "tu" que não vai existir mais para mim... aquele que ficou no passado e que não significa mais nada. Sinto-me melhor assim, sinto-me, mais leve... : )
Obrigada.


Ps: Matei a Lovit, viste? LOL
Tive um ataque e postei logo uma mão cheia de partes e larguei logo aquilo, tava cansada.

LA disse...

Eu adoro fins trágicos. XD hehehehe
oh eu quando pensar em alguma coisa que ache engraçada, escrevo.