12 dezembro 2009

Palavras encobertas pelo Silêncio Asfixiante


«O silêncio que nos rodeia pesa como chumbo. O dia está cinzento, dentro de mim escorre uma cinza, uma espessa amargura, uma treva onde mergulho o pensamento e tudo se turva.»


Apenas silêncio…nada do outro mundo.

Sinto o inesperado e estranho calor de um conhecido enigmático.

Acaricia-me o rosto, adivinho a sua presença junto a mim, reconheço aquele seu cheiro, sinto o tremer das suas mãos e ouço o bater descontrolado do seu coração.

Ainda me pergunto se devo abrir os olhos, nem que seja uma última vez, um último olhar, um último toque…

Não fará qualquer diferença, prefiro limitar-me ao silêncio, para quê gastar palavras, para quê despertar sentimentos envelhecidos, enquanto se pode arquivar tudo na poeirenta caixa do passado.

Apetecia-me dar-te a mão e permanecer assim, de olhos bem fechados, sem que o pensamento vagabundeasse e tentasse abrir as portas daquele tão antigo armário.

Limito-me a sentir a respiração que me acompanha, a saborear o conforto ilusório e inconsequente de não pensar, de nem sequer sentir…

Tenho lágrimas que me molham o coração por dentro, sinto água a pingar pelo meu corpo.

Doseamos os gestos, saboreamos o toque…uma mão aberta, dois dedos, os olhos que se esquivam por detrás de um espelho, espelho esse que permanece estático e dúbio.

Nada de mais próximo, nada de mais distante do que duas almas que se questionam no sucumbir da realidade.

Numerosos perigos rondam estes pensamentos, sedentos de palavras. O medo, o desgaste das dúvidas, as pequenas coisas que ficam por dizer. Os corações estão cansados, não querem seguir para nenhum lado.

Permanecemos mudos, travamos conversas no vácuo, daqueles conversas que se fazem com o olhar e com os gestos.

Os nossos dedos, que se tocam com delicadeza, falam entre si.

Os nossos olhos, que agora se abrem, comunicam com graciosidade.

É por isso que quando estás presente as palavras são meros adereços, coisas sem qualquer importância ou gravidade.

Ficamo-nos pelo enlear inóspito das dúvidas…talvez um dia sejamos capazes de proferir o que nos vai na alma…talvez um dia sejamos capazes de enfrentar os muros do outrora, talvez um dia queiramos discutir e pôr um fim ás nossas hesitações, talvez um dia…


18 comentários:

Marilena R. disse...

Lindo +.+

Rita da Maçaroca disse...

Hum gosto tanto que escreves assim, pedaços teus e só teus *.*

Esta lindo :) Acredita..

Beijinhos*

mara torresmos disse...

podes crer, ate acho que foi a minha primeira serie em que me viciei mesmo. no outro dia descobri que tava a dar o primeiro episodio na sony *-*

maria gabriella disse...

que mimada que eu me sinto, com esses teus comentários, Silvana <3

maria gabriella disse...

pronto, e é assim que eu vou ficando babada :)

Beatriz disse...

merci :3

mara torresmos disse...

sim a sério! no outro dia foi no dia 8, terça. deviam ser umas 15:30-16:00. podes mesmo crer!

Inês Sousa disse...

escreves lindamente!

Migas disse...

mas que bem moreninha :) muito bem

A Magia da Noite disse...

seria um óptimo exercício escrever o que sentem, não quebram o silêncio, mas entendem-se.

blair waldorf disse...

aw muito obrigada :3
foste ver Prodigy, que inveja

Lou disse...

Mais do que palavras são beijos, são olhares, são simples toques!

blair waldorf disse...

também adorei o teu :3

Mariana Silveira disse...

Aiiiiiiin que maravilha *.*
Ai que doçura...
Muito, muito lindo.

Beky disse...

*.*
senti as tuas palavras.

Anônimo disse...

"Apetecia-me dar-te a mão e permanecer assim, de olhos bem fechados". ola, eu nunca comentei mas tenho seguido o teu blog de perto. achei que esta era frase era o que estava a procura para definir esta estranha dentro de mim. perdoa me se estou a interpretar mal o teu texto mas achei muito parecido cm aquilo qu eu propria quero dizer. e que, num ponto em que ja nada importa, onde as emocoes pertencem a um plano irreal, muito distante de nos, a unica coisa que queremos e ficar assim, de maos dadas com a pessoa que mais confortaveis nos faz sentir, de olhos fechados para que nada la fora nos possa magoar mais. eu gostava de ficar assim, so a descansar, porque a exaustao e tao grande que ja nao me parece que tenha força para nada, entendes? queria so ficar numa esfera minha, uma redoma de cristal, pura, silenciosa e harmónica, em paz, onde os ruidos do mundo nao me perturbassem. escreves lindamente. continua a encher nos das melodias afaveis e reconfortantes que sao as tuas palavras. e bom natal. Teresa

Silvana disse...

Muito Obrigada Querida Teresa, é bom saber que há pessoas que se idenficam com o que escrevo e sinto :) fico contente por saber que segues o meu blog. Beijinhos e Bom Natal querida.

J. disse...

Adoro , adoro , adoro . Foi dos textos mais bonitos que já li. Obrigada por partiilhares pedaços que nos fazem lembrar momentos nossos (: